TOCATA E FUGA DO RÉU
MAIOR
Volto
sempre ao local do crime
Contumaz,
metódico, ético
No
meu princípio de criminoso.
Uso
sempre as mesmas armas,
As
mesmas táticas, busco
Qual
ourives, a jóia perfeita
A
ser produzida, cobiçada
Sou
poeta “serial created”
Sigo
os grandes mestres
Em
processos de leitura, interpretação
Desapropriação,
desleitura.
Após
cada poema cometido
Volto
ao meu refúgio
Ao
meu antro sagrado
Sonhando
reabastecimento.
Qual
um samurai
Carrego
um juramento –
Sou
feito de extremos:
Amor
e ódio / vida e morte.
Sou
profissional e busco
O
poema forte, extemporâneo,
Que
tenha compromisso apenas
Com
a eternidade.
Não
sou o evangelho
Sou
a crença;
Não
sou a afetação
Sou
a diferença
Entre
o que está impresso
E o
total das emoções sentidas
Em
todo o tempo de leitura
De
cada verso, cada estrofe.
Retorno
ao mesmo ponto
De
partida, pois cada som,
Cada
palavra, cada gesto
Na
intenção da poesia
É a
partida à terra sagrada
Onde
estão os rios-escrituras
Leito
onde dormem os grandes
Mestres
esvaindo os poemas
Que
se infiltram em nossa criação
Desenhando
nas paredes
De
nosso cérebro o mapa das influências.
Humilde,
sou o colhedor
De
grãos, pequenos raios,
Centelhas
de luz, seixos, algas
Enfim,
toda a matéria
Que
me ajuda a compor
Essa
colcha-de-retalhos
Que
um dia chamarão de obra poética,
Ou
todapoesia,
Onde
estarei representado
Pelas
emoções, sofrimentos
E
muita angústia existencial...
Além
de mim, há o homem
Sempre
em fuga, sempre em fuga...
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