segunda-feira, 10 de junho de 2013

TOCATA E FUGA DO RÉU MAIOR

Volto sempre ao local do crime
Contumaz, metódico, ético
No meu princípio de criminoso.
Uso sempre as mesmas armas,
As mesmas táticas, busco
Qual ourives, a jóia perfeita
A ser produzida, cobiçada
Sou poeta “serial created”
Sigo os grandes mestres
Em processos de leitura, interpretação
Desapropriação, desleitura.

Após cada poema cometido
Volto ao meu refúgio
Ao meu antro sagrado
Sonhando reabastecimento.
Qual um samurai
Carrego um juramento –
Sou feito de extremos:
Amor e ódio / vida e morte.
Sou profissional e busco
O poema forte, extemporâneo,
Que tenha compromisso apenas
Com a eternidade.
Não sou o evangelho
Sou a crença;

Não sou a afetação
Sou a diferença
Entre o que está impresso
E o total das emoções sentidas
Em todo o tempo de leitura
De cada verso, cada estrofe.


Retorno ao mesmo ponto
De partida, pois cada som,
Cada palavra, cada gesto
Na intenção da poesia
É a partida à terra sagrada
Onde estão os rios-escrituras
Leito onde dormem os grandes
Mestres esvaindo os poemas
Que se infiltram em nossa criação
Desenhando nas paredes
De nosso cérebro o mapa das influências.


Humilde, sou o colhedor
De grãos, pequenos raios,
Centelhas de luz, seixos, algas
Enfim, toda a matéria
Que me ajuda a compor
Essa colcha-de-retalhos
Que um dia chamarão de obra poética,
Ou todapoesia,
Onde estarei representado
Pelas emoções, sofrimentos
E muita angústia existencial...


Além de mim, há o homem

Sempre em fuga, sempre em fuga...

Nenhum comentário:

Postar um comentário