PF faz busca e apreensão no escritório da Presidência em SP
Operação Porto Seguro prendeu seis pessoas acusadas de formarem uma quadrilha que fraudava pareceres técnicos de órgãos públicos federais

Superintendente da Polícia Federal Regional de São paulo, Roberto
Troncon Filho concede entrevista sobre a operação Porto Seguro (Evelson de Freitas/AE)
A
operação Porto Seguro da Polícia Federal cumpriu mandados judiciais de
busca e apreensão no escritório da Presidência da República, em São
Paulo, e na sede da Advocacia-geral da União (AGU), em Brasília. As
investigações policiais levaram à desarticulação de uma quadrilha que,
infiltrada em órgãos da administração pública federal, negociava a
redação de pareceres técnicos fraudulentos para beneficiar interesses
privados e praticava tráfico de influência.
A PF também tomou depoimento e indiciou Rosemary de Noronha, chefe de
gabinete da Presidência da República em São Paulo. Rose, como é chamada,
foi secretária do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e era
presença constante nas comitivas presidenciais. Foi assessora do
ex-ministro José Dirceu por 12 anos antes de passar a exercer influência
na gestão Lula. A Presidência da República confirmou que foram
cumpridos os mandados judiciais em seu escritório na capital paulista.
Na sede da AGU, foram recolhidos documentos na sala de um alto assessor
do órgão. Procedimento interno de apuração foi aberto por determinação
do ministro Luís Inácio Adams para investigar a participação de
servidores da autarquia no esquema criminoso. A investigação também tem
como alvo o número dois da AGU, José Weber Holanda Alves, braço-direito
de Adams, segundo o portal do jornal O Estado de S. Paulo.
No total, seis pessoas foram presas e 18 foram indiciadas. Os
investigados na operação responderão pelos crimes de formação de
quadrilha, tráfico de influência, violação de sigilo funcional,
falsidade ideológica, falsificação de documento particular, corrupção
ativa e passiva. As penas variam de dois a 12 anos de prisão.
Quadrilha - A operação Porto Seguro prendeu seis pessoas nesta sexta-feira acusadas de formar uma quadrilha que fraudava laudos de
órgãos públicos e praticava tráfico de influência para acelerar
processos burocráticos para empresas. Segundo o superintendente da PF de
São Paulo, Roberto Ciciliati Troncon, os mandatos eram de prisão
preventiva e temporária. Foram detidos dois servidores públicos de
segundo e terceiro escalão da Agência Nacional de Águas (ANA) e da
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além deles, foram presos três
advogados e um empresário – todos de São Paulo.
“É possível que haja funcionários de outros órgãos envolvidos, mas até
agora se identificou que toda a interação da quadrilha acontecia no
estado de São Paulo”, disse Troncon. Segundo o superintendente, foi
investigada a atuação da quadrilha na Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq), no Ministério da Educação e no Tribunal de Contas
da União (TCU) – além de na Anac e na ANA.
Segundo Troncon, a operação será concluída em 60 dias. A próxima fase
será pedir a autorização da Justiça para o compartilhamento das provas
da investigação com as corregedorias dos órgãos envolvidos para que
possam aplicar suas medidas administrativas. O superintendente informou
que os servidores agiam por conta própria e que não houve conivência dos
órgãos, que ajudaram nas investigações.
Esquema – O
papel dos dois servidores no esquema era de encontrar funcionários
dentro dos órgãos para produzir os laudos fraudulentos, que facilitavam
processos das empresas. Já os advogados e o empresário faziam a ponte
com o setor privado, oferecendo a facilitação nos procedimentos.
Troncon disse que os nomes dos envolvidos e das empresas que foram
beneficiadas pelo esquema não podem ser revelados porque a investigação
segue sob sigilo. Participaram da operação em São Paulo e Brasília 180
policiais.
A
quadrilha foi descoberta graças a um servidor do Tribunal de Contas da
União (TCU) que foi cooptado pelo esquema com a oferta de receber 300
000 reais para produzir um laudo falso. “Ele chegou a receber a primeira
parcela de 100 000 reais e fez o laudo, mas se arrependeu, devolveu o
dinheiro e denunciou o esquema”, contou Troncon.
(Com Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário