POEMA
VOVÔ
Tchau,
vovô
Cresci
para os outros
Mas
prá você, ainda sou o Rubinho -
Me
guardei sempre pequeno
Para
caber no afago de suas mãos –
Me
vejo ao seu lado
Segurando
seu rosto frio
Entre
as mãos.
Adeus,
vovô
Agora
sou o céu
De
carne, osso e azul
E
você é minha estrela
De
primeira grandeza
Agora
sou a lua
E
você é meu São Jorge – guerreiro
Domando
o dragão
Tchau,
vovô
Afaste
de mim
Este
cheiro de morte
Com
seu super-sopro
Meu
herói do subúrbio,
Do
fundo do quintal
Cheio
de tralhas e mangas;
Meu
pobre herói
Sem
capa, espada ou super-poderes –
Apenas
a calça amarrada
Com
barbante ou arame
Quando ia procurar a Pedra do Sací –
Lugar
imaginário
Entre
nós e o nada...
A
minha saudade
Sempre
seguindo atrás de você
Como
uma sombra teimosa...
Adeus,
vovô
Meu
doido bailarino
A
fazer piruêtas
E
dar o salto fatal
No
coração da Via Láctea;
Guardei
para você
Numa
caixinha de música
Trechos
de sonatas de Mozart,
Sinfonias
de Haydn,
Bailados
de Tchaikovsky
E o
Noturno de Chopin –
Tudo
para ouvirmos
Sentados
em uma nuvem
Quando
eu chegar aí.
Tchau,
vovô
Até
o próximo sonho!
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