segunda-feira, 28 de maio de 2012


POEMA

                                                             VOVÔ


Tchau, vovô
Cresci para os  outros
Mas prá você, ainda sou o Rubinho -
Me guardei sempre pequeno
Para caber no afago de suas mãos –
Me vejo ao seu lado
Segurando seu  rosto frio
Entre as mãos.


Adeus, vovô
Agora sou o céu
De carne, osso e azul
E você é minha estrela
De primeira grandeza
Agora sou a lua
E você é meu São Jorge – guerreiro
Domando o dragão


Tchau, vovô
Afaste de mim
Este cheiro de morte
Com seu super-sopro
Meu herói do subúrbio,
Do fundo do quintal
Cheio de tralhas e mangas;
Meu pobre herói
Sem capa, espada ou super-poderes –
Apenas a calça amarrada
Com barbante ou arame
Quando  ia procurar a Pedra do Sací –
Lugar imaginário
Entre nós e o nada...
A minha saudade
Sempre seguindo atrás de você
Como uma sombra teimosa...


Adeus, vovô
Meu doido bailarino
A fazer piruêtas
E dar o salto fatal
No coração da Via Láctea;
Guardei para você
Numa caixinha de música
Trechos de sonatas de Mozart,
Sinfonias de Haydn,
Bailados de Tchaikovsky
E o Noturno de Chopin –
Tudo para ouvirmos
Sentados em uma nuvem
Quando eu chegar aí.


Tchau, vovô
Até o próximo sonho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário