segunda-feira, 28 de maio de 2012

POEMA

                                  


                                   O ÚLTIMO GRANDE HERÓI

(02.05.1994)

A nação brasileira,
A pátria de chuteiras
O povo sem eira nem beira
O  último cálice da cristaleira...
Todos estão vazios
Destemperados, órfãos
Com a morte do grande herói


Num país onde a loucura
A descompostura
A usura e a feiúra
Proliferam como milcróbios
Disseminando os anti-heróis
Ficar fora de Senna é uma dor
Mais forte que pisar o acelerador
E cair num abismo


Até quando seremos referência
De um país impichado,
Envergonhado, esfomeado, desassistido ?


Até  quando cento e não-sei quantos milhões sem ação
Diante da dor, da tortura mental, da mediocridade,
Da manipulação dos políticos
E dos heróis fabricados pelas multinacionais ?
  

Nas listas
O povo não tem voz, não tem vez;
Nas pistas, vencedores éramos nós
Colhendo na alegria a embriaguez.


No palco internacional
Era mais que o país do carnaval
No grande circo dos milhões e da velocidade.


O coração solitário do Brasil
É uma nave sem rumo –
Morre de frio
Nosso último grande herói
Acelerando entre as estrelas.

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