terça-feira, 3 de julho de 2012

NASCIDO A 4 DE JULHO

Sessenta anos...e não precisava tanto!
Nasci a 4 de julho de 1952 e dias depois um moço de branco disse à minha mãe: Leve esse menino para dormir em casa e acordar nos braços de Jesus Cristo!
Minha mãe deve ter ficado triste...Nove meses me esperando e eu já ia embora em direção às nuvens assim...
Não sei, sinceramente, o que ela prometeu ou pediu ao Pai para eu ficar mais um pouco. Mas sei que ela deveria ter uma fé enorme, pois ela foi embora e eu estou aqui até hoje.
Sessenta anos...e não precisava tanto!
Sei que havia pressa para que vivesse logo, pois aprendi coisas muito rápido, fora do tempo, como ler e escrever antes de entrar para a escola, fazer poesia sem saber o que era métrica, verso, rima...escrever sobre economia, sem ser economista ou jornalista...enfim.
Sessenta anos...e não precisava tanto!
Ouvi previsões que eu iria embora daqui aos 15 , aos 33 e aos 45 anos. Não sei porque as previsões não deram certo e hoje estou aqui na presença de vocês com alma em festa e o coração diminuto, apertado de tanta emoção.
Os anjos me mantiveram por aqui...a mãe santa, as professoras apaixonadas, as colegas curiosas de escola me beliscando para ver se eu era de carne e osso, a ex-esposa dedicada e sempre preocupada, as amigas...
Sessenta anos...e não precisava tanto!
Música, cinema, livros, discos...daí vieram os meus sonhos, a minha inspiração para escrever e contar minhas paixões e histórias. 
Dos grandes homens que conheci,  aprendi algumas lições de sabedoria, equilíbrio e poder de decisão.
Das grandes mulheres que passaram pela minha vida ficou uma grande frustração: por que cheguei aos 60 anos sem nenhuma ao meu lado ? Por que não pude conviver com todas numa mesma época para me consumir em amor, paixão, solidariedade e crescimento espiritual ?
Sessenta anos...e não precisava tanto!
Os vazios em que me vi várias vezes foram os momentos necessários para eu refletir e me resgatar, como a fênix, renascendo sempre e sempre.
Os momentos de solidão foram para que eu amasse e valorizasse em silêncio tudo aquilo que me compôs como pessoa...todas as pessoas que me enriqueceram ao longo da existência. 
Sessenta anos...e não precisava tanto!
Mas que venham os dias que Deus achar que ainda preciso permanecer por aqui!
Ao meu pai, aos meus filhos, à minha família, aos amigos e colegas que me deram o prazer da convivência...muito obrigado.
À minha mãe e a Deus, minha gratidão eterna.
Sem aqueles, talvez eu fosse mais pobre culturalmente, sentimentalmente, emocionalmente.
Sem estes, com certeza eu seria menos que um grão de areia no fundo do oceano.

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