quarta-feira, 13 de junho de 2012

LIN YUTANG:
"ENTRE RISOS E LÁGRIMAS"

Lin Yutang é mais do que um escritor. É um filósofo, um visionário. Chinês de enorme sensibilidade e simplicidade, como devem ser os sábios, é um sincero discípulo de Confúcio e Buda.
No seu livro, "Entre risos e lágrimas", publicado no Brasil pelos Irmãos Pongetti, em 1945, Yutang colocou claro para os ocidentais o que foi a ascensão da Ásia, notadamente China e União Soviética, reduzida à Rússia nos dias de hoje.
Segundo ele, até a I Guerra Mundial a grande diferença, nos palcos da guerra, entre ocidentais e orientais é que estes não tinham canhões, mas uma enorme acumulação de energia e revolta, explicada por Lin Yutang através da Lei do Karma. "Não se podem desafiar ou anular as leis do karma. Não devemos semear o que não pretendemos colher".
O pano de fundo do livro citado é a II Guerra Mundial, ainda produzindo seus mortos, já discutindo as partilhas e os balanços, além dos julgamentos. O filósofo falava da lei do karma, dos grandes homens e seus grandes erros, da lei física que diz "a cada ação corresponde uma reação" e Yutang enxergava uma lei análoga onde "ação e reação são iguais no domínio da ação moral", lembrando que o karma é uma coisa cumulativa. "Dia a dia, ano após ano pagamos pelos nossos atos e pensamentos secretos".
No livro, Yutang fala da europeização do mundo, vislumbrando a globalização, e da paz p0ela força - Matchpolitik- herdada dos alemães pelos ingleses, com a parcimônia dos norte-americanos e aliados.
Defensor ardoroso da liberdade, Yutang ao reagir a favor dos indianos na luta contra o imperialismo inglês, luta esta que nos legou Ghandi, afirma que "o fato é que ninguém tem o direito de dar presente nem ao melhor amigo, nem à mãe, nem mesmo a Deus as coisas por que os homens lutam". Diz ele que "é dever de todo homem empregar a inteligência e defender a liberdade e os revolucionários contra a Velha Guarda da Reação, sem temor nem complacência". Seu alvo principal era o primeiro-ministro britânico, Winston Churchil, e sua odiosa frase: "Ganhamos primeiro a guerra e depois falamos daquilo por que lutamos".
O pensador chinês é profundo e visionário ao constatar, já naquela época, que "a Economia Política não distingue entre bocas humanas e focinhos de porcos, e todos os mapas e dissertações a respeito do alimento, de populações e de tarifas não passam de focinhos".  A idéia é que, "se segregardes os porcos em diferentes chiqueiros e jogardes dentro bastante forragem, eles passarão a viver em paz e então descerá  sobre a Terra o milênio bíblico". Fina ironia, feito estilete numa incisão perfeita de um mestre cirurgião das palavras.
As cenas que nos acostumamos a ver, às vezes pela televisão ou estampada nos jornais, de legiões de famintos nas regiões africanas, principalmente aqueles que recebem alimentos jogados dos aviões, portanto vindo do céu, mostra que o mundo, nesse aspecto, não mudou muito. Os famintos continuam a ser tratados como porcos...
Como se vê, Lin Yutang está mais atual que nunca...

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