quinta-feira, 10 de maio de 2012


Cabral conta com blindagem do PMDB para não depor na CPMI do Cachoeira                                   (CORREIO DO BRASIL)

9/5/2012 11:56,  Por Redação - de São Paulo
Temer
Vice-presidente da República e um dos principais líderes do PMDB, Michel Temer não vê ilegalidade no relacionamento entre Cabral e Cavendish
Sem um fato novo, será difícil a convocação do governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), para um depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as ligações entre o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), entre outros políticos e empresários. Segundo o vice-presidente da República, Michel Temer, um dos principais líderes nacionais do PMDB, ainda não há motivos para Cabral seja chamado a depor na CPMI do Cachoeira.
– Chamar o Sérgio Cabral porque o Sérgio Cabral jantou com um empreiteiro no estrangeiro… Me parece que não há ilegalidade neste ponto, não é? – disse Temer, em entrevista a um programa de TV na internet.
Temer repercutiu o vazamento de imagens em que Sérgio Cabral confraterniza com o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta Construções, empresa investigada pela CPMI.
‘Relação adequada’
Michel Miguel Elias Temer Lulia, paulista de Tietê, interior do Estado de São Paulo, formado em Direito pela USP e reconhecido como especialista em Direito Constitucional, foi procurador-geral e secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, durante a gestão do governador Franco Montoro. Ao longo de seis mandatos de deputado federal, de 1987 a 2010, foi presidente da Câmara dos Deputados por três períodos. Em 2010, Michel Temer foi escolhido por PT e PMDB como vice da então candidata à Presidência Dilma Rousseff e, desde então, exerce posição de destaque na direção de seu partido.
Apegado às questões institucionais, Temer afirma que, atualmente, tem uma relação com a presidenta Dilma “plano pessoal, muito adequada”
– Eu acho que tenho uma relação muito boa com a presidenta Dilma. Sou um pouco cerimonioso, não é? E eu numa das primeiras conversas que tive com ela, ela presidenta já, eu a consultei. Eu disse, olhe, eu a chamei de “você” e disse: “Olhe, quando nós estivermos sozinhos, posso tratá-la de ‘você’?”. E ela: “Claro, Temer. Você me trata de ‘você’ sempre”. Eu disse: “Não, eu trato na nossa conversa pessoal. Quando há terceiros, eu trato a senhora, senhora presidenta etc.”. Uma questão até de cerimonia institucional – explicou.
Temer, como explicou na entrevista, tem sido o interlocutor mais solicitado pela presidenta Dilma junto ao PMDB e, segundo afirmou, o acordo entre as duas maiores bancadas no Congresso, PMDB e PT, continua “sólido”. Temer confirma o rodízio entre entre as legendas na presidência da Câmara e a presença do PMDB no comando a partir de 2013.
– Nesta última vez em que eu fui presidente (da Câmara dos Deputados), nós assinamos um documento na eleição do Arlindo Chinaglia (do PT-SP) para apoiar o PT com o compromisso de, na eleição seguinte, (o PT) apoiar o candidato do PMDB. No caso fui eu o candidato (do PMDB a presidente da Câmara). Isso foi cumprido inteiramente. Neste caso, repetiu-se o mesmo fato, baseado em fatos anteriores. Nós assinamos um documento, PMDB e PT, pelo qual o PMDB apoiaria o PT nesta eleição, foi eleito o nosso querido Marco Maia (do PT-RS) e, agora, o PT vai cumprir o seudever daqui a dois anos. Eu não tenho dúvidas disso – afirmou.
Pedido aceito
Na posição de um dos dirigentes nacionais da legenda, Temer parece atender ao pedido do governador fluminense para que a bancada de seu partido impeça sua convocação à CMPI do Cachoeira:
– Hoje eu não falo como ex-parlamentar. Eu falo como vice-presidente da República. “O vice-presidente da República está sugerindo que os governadores sejam chamados”. Essa é uma questão exclusiva do Congresso Nacional. Acho que a CPI, que tem todos os poderes investigatórios, poderá decidir o que deve fazer. E ao fazê-lo deve fazê-lo com muita adequação. Porque a CPI deve ser um setor de atividade congressual de investigação e não um palanque político. O grande problema das CPIs é que muitas e muitas vezes ela se transforma num palanque político muitas vezes até individual, não é nem do partido, (mas) do próprio integrante da CPI. O que nós temos, quando muito só até aí que eu vou, é recomendar muita sobriedade para a CPI. Porque isso pode prejudicar os destinos políticos do país. (Quanto ao Sergio Cabral) eu acho que ele pode, não necessariamente na CPMI. Porque, veja… Vou fazer aqui um parêntese, porque aliás eu não quero que isso tenha a menor significação para influenciar ou não influenciar a CPI. Então eu faço com esse adendo, que eu grifo embaixo. Do que está sendo acusado o Sérgio Cabral? De ter participado de um jantar, ou jantares?
O fato de Cabral conviver, socialmente, com o dono da Delta Construções, Fernando Cavendish – suspeito de manter uma relação de negócios ilegais com Cachoeira –, segundo Temer, não se traduz imedidatamente em uma ilegalidade:
– Acho que ele (Cabral) deve esclarecer isso, poderá esclarecer. Já ouvi uma ou outra declaração dele nesse sentido. Mas me parece que chamar o Sérgio Cabral porque ele jantou com um empreiteiro, ou jantou com secretários ou o que seja… E ele vai para a CPI… Aquela velha história, qual é o fato determinado, o fato significativo que diz assim: “Sérgio Cabral cometeu uma ilegalidade”. Só se a ilegalidade for jantar com um empreiteiro. Se isto for ilegal, muito bem. Não me parece que seja, não é?
Comparecer perante a opinião pública e esclarecer as ligações entre Cabral e Cavendish, segundo Temer, “é uma decisão dele”.
– Essa é uma decisão dele, não é? Essa é uma decisão da CPMI, a CPMI que tem que decidir. Agora, eu só faço essa observação: chamar o Sérgio Cabral porque o Sérgio Cabral jantou com um empreiteiro no estrangeiro… Me parece que não há ilegalidade neste ponto, não é?
Na oportunidade, Temer aproveitou para frisar que não conhece Cavendish.
– Até posso ter sido apresentado em alguma ocasião, você sabe como é vida pública. Você é apresentado a centenas de pessoas, né? Há outros e outras empreiteiras e outras empresas que eu conheço. Se você me perguntar de alguém, eu conheço. Conheço firmemente, né? Mas especialmente, no caso, não tive relação – concluiu.

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